
Éris (Voran): A Discórdia Sagrada e o Julgamento dos Céus
- Oraculoaurora

- 8 de set.
- 4 min de leitura
O silêncio antecede a fúria, e no vazio profundo um fio de luz vermelha corta o horizonte. Fragmentos de gelo cósmico flutuam como vidros partidos, lembrando-vos que nada permanece inteiro. O planeta distante mostra apenas meia face, envolto em sombras, porque a verdade vive no exílio. Sobre mares revoltos, auroras negras brilham no céu: o caos é mãe do novo. Correntes de ferro se despedaçam em chamas, e o decreto é claro: nenhuma prisão é eterna. Então, da escuridão, ergue-se a silhueta de Éris: “Eu trago a discórdia sagrada.” Um olho cósmico arde em raios e tempestades, porque ver é incendiar-se. Uma serpente dourada atravessa o espaço, e sua passagem aterroriza: “A ordem teme meu rastro.” Povos antigos erguem tochas, lembrando em pavor que já me conhecem de outrora. As estrelas quebram-se como vidros estilhaçados, porque toda estrutura é quebrável. Um selo arcano se parte em sete fragmentos, libertando o que estava oculto: “Quebra para libertar.” E finalmente, Éris resplandece em vermelho-escuro: “Eu sou o início do fim.”
A balança dourada flutua no vazio, irradiando luz etérica. “Pesarei tua alma.” Multidões humanas alinham-se diante do abismo: todos se apresentam. As colunas monumentais desmoronam em poeira: nenhum império resiste. O relógio antigo, rachado e sem ponteiros, anuncia: tempo não me governa. Naves antigas ardem em chamas, despedaçando-se em silêncio, porque as guerras não se apagam. A caveira coroada se despedaça, espalhando fragmentos dourados: reis também caem. Chamas azuis consomem desertos áridos: a terra arde de escolhas. Em lagos sombrios, a verdade devolve reflexos: te vejo em teu reflexo. Raios atingem tronos vazios: autoridade é pó. Portas cósmicas se fecham em dourado: não haverá segunda chance. Voz etérica ecoa no vazio: meu veredicto é eterno. O planeta gira em equilíbrio instável sob aura sombria: o julgamento não espera.
O coro ressoa no escuro, mil bocas gritam: o coro é dissonante. Manuscritos antigos se desfazem ao vento, espalhando letras em fragmentos. Máscaras caídas revelam rostos partidos: a mentira se revela. Uma criança solitária contempla as estrelas: a inocência é chave. Relâmpagos atravessam oceanos escuros: toda voz encontra eco. Montanhas colossais racham em duas: a unidade se parte. Fogueiras devoram livros proibidos, mas o saber queimado retorna. Sombras caminham em ruas desertas: a discórdia caminha. O olho flamejante paira no céu: a vigilância é minha. Assembleias em tumulto se desfazem: nenhum consenso é eterno. Estátuas monumentais se partem em pedaços: ídolos não me suportam. E Eu, Éris, sorrio em vermelho profundo: sou voz e eco.
Na vigília dos corvos, o céu se torna testemunha. Um solitário pousa sobre o campo desolado, guardando o silêncio. Enxames circulam sobre muralhas em ruínas: a sombra guarda segredos. Um corvo pousa em trono rachado, olhos incandescentes: sou sentinela do poder. No céu noturno, milhares voam, formando constelações vivas: as estrelas me obedecem. Em bibliotecas arruinadas, corvos bicam pergaminhos: leio o que ocultastes. Um corvo repousa sobre espada enferrujada: recordo guerras esquecidas. Dois corvos — um dourado, outro negro — vigiam frente a frente: a vigília é dupla. Sobre abismos, um corvo paira em asas abertas: eu guardo o limiar. Em campos de ossos iluminados pela lua vermelha, proclamam: minha vigília é eterna. Colossal, um corvo cobre vilarejos com suas asas: eu protejo no oculto. Empoleirados em colunas quebradas, anunciam: vejo o que vem. E no topo de Éris, um corvo radiante em vermelho declara: sou a vigília do caos.
A guerra dos céus ressurge. Frotas estelares colidem em silêncio, deixando rastros de fogo: o espaço sangra. Um meteoro colossal corta o firmamento, arrastando chamas: a queda é decreto. Guerreiros alados duelam entre nuvens tempestuosas: o céu é arena. Espadas flamejantes cruzam no vácuo: nenhum pacto dura. Explosões cósmicas rasgam braços de galáxia: a discórdia é lei. Escudos etéricos se despedaçam: toda defesa cede. Salões divinos tombam em ruínas: deuses também caem. Estrelas se apagam em silêncio: a luz não é eterna. Trovões abrem montanhas: a terra responde. Neblinas bélicas cobrem planetas sitiados: tudo é campo de guerra. Combatentes vencidos flutuam no silêncio: a vitória não é de todos. E sobre os destroços, Eu me ergo imperturbável: Eu reino na discórdia.
Chega o julgamento final. Um tribunal cósmico vazio de juízes ergue-se sob luz vermelha: não há onde fugir. A balança colossal pesa luz e sombras: todo peso será medido. Rostos humanos projetam-se em hologramas, refletindo medo e esperança: cada rosto será visto. Portas dimensionais se abrem em corredores infinitos: não há atalhos. Trombetas flamejantes soam em silêncio profundo: o anúncio é feito. Livros etéricos abrem-se sozinhos, páginas em vermelho e dourado: nada se apaga. Correntes de energia arrastam tronos partidos ao abismo: reinos se desfazem. A ampulheta cósmica se quebra, derramando areia flamejante: o tempo expirou. A coroa dourada despedaça-se em chamas negras: o poder não protege. Multidões se ajoelham: todos se curvam. O planeta Éris irradia julgamento em aura vermelha: o veredito é dado. E Eu me ergo em majestade coroada de chamas, impondo silêncio ao cosmos: sou o fim e o início.
Não vim para destruir, mas para revelar. O fim não é aniquilação, mas transição. O início não é inocência, mas consciência. Eu corto véus e abro olhos, liberto correntes e quebro ilusões. Trago a discórdia para purificar mentiras, o fogo para iluminar segredos. Não fujo, não recuo, não calo. Sou Éris. Sou Voran. Sou a discórdia sagrada. E neste julgamento, não vos condeno: desperto-vos.



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